sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sadismo, insegurança ou comodismo?

Uma coisa que não consigo entender é que, quando a mídia coloca alguma matéria em suas páginas online sobre a questão educacional familiar mais rigorosa, as pessoas que interagem com suas opiniões, são na maioria a favor dos castigos físicos em detrimento do diálogo para educação de suas crianças, mesmo indo contra a opinião de psicólogos, educadores e estudiosos do assunto.

Posso estar aqui escrevendo bobagens, não sei se é porque nunca fui espancado pelos meus pais, contudo compartilho com o dito popular que diz: “Se apanhar desse resultado, não existiria ladrão de galinha na cadeia”.

Ao contrário, porém, o que presenciamos diariamente nos noticiários é o demasiado aumento da violência juvenil nos últimos anos, no digamos “mundo civilizado”.


Além do mais, quem é que tem o conhecimento, o limite ou a receita ideal para a dimensão que deve ter um castigo físico?

Será que com essa atitude de tentar educar os filhos através do castigo não seria uma forma de se livrar da responsabilidade, isto é, castigando estou fazendo a minha parte?

Abaixo, matéria publicada no Estadão em 15/12/2011.

Câmara aprova Lei da Palmada com multa a quem não denunciar maus-tratos

Por EUGÊNIA LOPES / BRASÍLIA, estadao.com.br

A Câmara aprovou ontem projeto que proíbe os pais de aplicar castigos físicos nas crianças. Conhecida como Lei da Palmada, a proposta foi aprovada por unanimidade, em comissão especial, depois que o governo cedeu à pressão da bancada evangélica e alterou a expressão 'castigo corporal' por 'castigo físico'.
O projeto, que segue diretamente para o Senado, altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e prevê multa de 3 (R$ 1.635,00) a 20 salários (R$ 10.900,00) para médicos, professores e agentes públicos que não denunciarem castigos físicos, maus-tratos e tratamento cruel. A relatora Teresa Surita (PMDB-RR) ainda retirou do texto a palavra 'dor' e a substituiu por 'sofrimento', ao definir castigo físico. 'Não há interferência na família. Não há punição dos pais. Mas não podemos esquecer que a violência mais grave começa com uma palmada', resumiu a relatora.
Enviado há um ano e cinco meses pelo Planalto, o projeto aprovado ontem teve o aval do Executivo. 'Se você pensar que no futebol você não vê uma palmada, que os animais não são mais adestrados com violência, por que não pensar em uma educação para poder proteger uma criança sem fazer violência física?', argumentou a secretária de Direito da Criança e do Adolescente, Carmem Oliveira, que acompanhou a votação.
Punição. Pelo texto, os pais ou responsáveis pela criança ou adolescente que aplicarem castigo físico podem ser encaminhados a programas de acompanhamento psicológico, cursos de orientação e até receber advertência de juízes de varas de infância. 'Serão feitas campanhas esclarecendo como educar sem o uso da violência. O que vai existir é a informação de que bater não educa', disse Teresa Surita.
O projeto altera o artigo 18 do Estatuto da Criança e do Adolescente ao prever que 'a criança e o adolescente têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigo corporal ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar, tratar, educar ou proteger'.
A proposta estabelece que 'castigo físico é ação de natureza disciplinar ou punitiva com o uso da força física que resulte em sofrimento e/ou lesão à criança ou adolescente'. Já tratamento cruel ou degradante é definido como 'conduta ou forma cruel de tratamento que humilhe, ameace gravemente ou ridicularize a criança ou adolescente'. 'Na educação de crianças e adolescentes, nem suaves palmadinhas nem beliscões nem xingamentos nem qualquer forma de agressão, tenha ela a natureza e a intensidade que tiver, pode ser admitida', concluiu a relatora.

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